segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Resenha: Seraphina - de Rachel Hartman

SERAPHINA
Livro 1
Rachel Hartman
Editora Jangada

Sinopse: Décadas de paz pouco fizeram para diminuir a desconfiança entre seres humanos e dragões no reino medieval de Goredd. Criaturas extremamente inteligentes que podem assumir a forma humana, os dragões frequentam a corte como embaixadores e usam sua mente racional e matemática em universidades, como estudiosos e professores. No entanto, à medida que o aniversário do Tratado de Paz se aproxima, o clima começa a ficar perigosamente tenso. Seraphina Dombergh, uma garota de 16 anos com grande talento para a música, tem um terrível segredo e razões para temer humanos e dragões. Ela se torna assistente do compositor da corte justo quando um membro da família real é encontrado morto, devido a um ataque muito ao estilo dos dragões, isto é, com a cabeça arrancada a mordidas. Seraphina, com sua inteligência e senso de humor ácido e feroz, passa a colaborar com as investigações, ao lado do capitão da Guarda da Rainha, o sagaz e encantador Príncipe Lucian Kiggs. Enquanto eles começam a encontrar pistas de uma trama sinistra para destruir a paz, a fachada cuidadosamente construída por Seraphina começa a desmoronar, tornando cada vez mais difícil manter seu segredo, cuja revelação seria catastrófica em sua vida.

Resenha

Até 40 anos atrás, Goredd e os outros reinos do sul estavam em guerra com os dragões, uma guerra que já se arrastava à gerações. Porém a guerra um dia chegou ao fim graças a duas pessoas: a rainha de Goredd e o Ardmagar dos dragões (que seria como um general supremo deles). Eles criaram um tratado de paz entre as duas espécies, e desde então alguns dragões vivem entre os humanos na forma de saarantras (que é a forma humana que os dragões assumem).

Essa paz é relativamente instável, mesmo após 40 anos. Os humanos não confiam nos saarantras e os saarantras não conseguem entender e sentir as emoções humanas. Os saarantras passaram então a ensinar os humanos, os dispostos a aprender, matemática e ciência. Eles são verdadeiros estudiosos. E ao mesmo tempo eles buscam aprender com os humanos sobre arte, música e outras formas de expressão que não conseguem compreender, pois não conseguem e não querem sentir as emoções humanas.
Nossa sobrevivência não depende de sermos superiores, mas de sermos suficientemente interessantes.
Os humanos tem uma religião diferente das nossas, eles não acreditam em um Deus e no céu, eles acreditam em diversos Santos e um lugar onde todos se reúnem. E um detalhe é que um desses Santos teria inclusive inventado a dracomaquia, uma arte marcial criada para combater os dragões e uma das razões pelas quais os dragões não ganharam a guerra de forma extremamente fácil.

E com a chegada do Dia do Tratado, uma data comemorativa da assinatura do tratado (o nome já deu a dica), os ânimos parecem ainda mais agitados. Até porque o próprio Ardmagar irá até Goredd para tomar parte nas comemorações. E para piorar ainda mais a situação, o príncipe Rufus foi assassinado de uma forma bem draconiana, ele teve a cabeça arrancada.

E é nesse reino que encontramos a nossa protagonista, Seraphina. Seraphina é uma jovem de 16 anos, habitante do reino de Goredd. Ela é uma talentosa musicista que trabalha como assistente do Viridius, um homem que seria algo como mestre de cerimônias e eventos do castelo. E é por isso que ela está morando no castelo, onde passa ter contato com a família real de Goredd. Ela está ultra atolada de trabalho, se dividindo entre o velório do príncipe e os preparativos para a chegada do Ardmagar.
Eu realmente não entendia que carregava a solidão diante de mim numa bandeja e essa música seria a luz que, por detrás, iluminaria meu caminho.
Quem olha para ela nem imagina o terrível segredo que ela guarda. Ela é na verdade uma meio-dragão, algo que todos consideram impossível. Sua mãe era uma dragoa, mas escondeu esse fato do pai de Seraphina, até o momento em que ela morreu, durante o parto da filha. Linn, a mãe da Seraphina, acredita que o amor dele não resistiria a verdade. E ela própria não teria mais para onde ir, já que tinha cometido o pior crime de todos, que foi se contaminar com as emoções humanas. Dessa forma, o pai da Seraphina, que é um renomado advogado e defensor das leis, acabou ele próprio cometendo um crime ao seu envolver e casar com Linn.

A origem de Seraphina é um segredo que poucos sabem, tanto do lado dos humanos quanto do lado dos dragões. Um dos poucos dragões que sabem da existência dela é Omar, seu tio. Ele acaba sendo o tutor dela durante anos e Seraphina acaba se acostumando com a sua falta de emoções. Por estar dividida entre as duas espécies, ela é quem mais compreende ambos os lados.
A verdade não pode ser dita. Eis uma mentira aceitável.
A princípio Seraphina não imagina, mas a morte do príncipe Rufus irá afetar a sua vida drasticamente. Pois graças à ela, Seraphina se vê envolvida na investigação do crime, quando na verdade tudo o que ela queria era não chamar a atenção para si própria, ainda mais com o príncipe Lucian por perto. Lucian é extremamente perspicaz e Seraphina teme que ele possa descobrir a verdade sobre ela, e por causa disso acaba se afundando cada vez mais nas mentiras que precisa inventar que fazem com que ela parece mais interessa do que realmente está pelo assassinato e pela segurança do Ardmagar.

E no meio de uma rede de mistérios cercando o passado de sua mãe e a história de sua família, ela começa a se envolver demais com Lucian, mais até do que seria recomendável. Até porque ele é o noivo prometido da princesa Glisselda, segunda na linha do trono, quem ela passa considerar uma amiga. E os desafios no caminho da Seraphina e do Lucian não serão poucos, para cada resposta que eles conseguem, mais perguntas surgem. Agora resta para eles descobrirem quem está por trás do assassinato e de outros eventos suspeitos que andam ocorrendo em Goredd antes que seja tarde demais, antes que o tratado corra o risco de ser quebrado e a guerra retomada.
Às vezes, é difícil para a verdade violar a fortaleza das nossas crenças. Uma mentira, bem disfarçada, passa com mais facilidade.
A primeira coisa que me chamou a atenção para esse livro foi a capa. Eu a achei simplesmente linda e imediatamente quis ler o livro. Mas o curioso é que na lista de lançamentos da nossa parceira, a editora Jangada, já constava o segundo livro. E eis que descobri que essa capa que tanto me encantou na verdade era uma segunda edição. Obviamente eu fui pesquisar a primeira capa do livro e me surpreendi ao perceber que já o tinha visto antes, inclusive em promoção nas lojas virtuais, mas até então não tinha lido a sinopse porque justamente a capa não havia me atraído. Enquanto a primeira capa faz com que o livro parece ser só mais um romance sobrenatural, a nova capa representa perfeitamente o que o livro realmente é: uma fantástica obra de fantasia. Sei que não devemos julgar um livro pela capa, mas em um mundo com milhões de livros, ás vezes é justamente ela que te atrai primeiro. Então não perdi tempo em solicitar o livro à nossa parceira, que como sempre arrasando, fez a gentileza de enviar também o segundo livro. Gentileza essa que aprecio ainda mais agora que terminei o primeiro e estou desesperada para ler o segundo, hahahahaha.

A narrativa de Seraphina flui de forma constante e viciante. Embora esse primeiro livro não tenha muita ação, motivo pelo qual eu dei 4 estrelas, de forma alguma o livro é parado. Nessa primeira parte da história da Seraphina, nós somos apresentados a um mundo quase que completamente novo. Nós temos os já conhecidos dragões, mas de formas nunca antes representados. As culturas de ambas as raças e suas singularidades, personagens bem construídos que nos surpreendem, uma conspiração complexa, todos esses fatores e muitos outros fazem com que você não desgrude do livro, sempre precisando saber o que acontece a seguir. Nós descobrimos muitos elementos nesse primeiro livro e muito outros nem ao menos foram aprofundados, o que nos deixa com o gostinho de quero mais. Estou empolgada e cheia de expectativas pelo o que vem pela frente, para ver o que irá acontecer após os eventos do primeiro livro.

Sem dúvidas qualquer fã de literatura fantástica irá se encantar com esse livro e com esse universo maravilhoso. Dizer que eu recomendo esse livro é pouco, mal posso esperar para começar o próximo… o que irei fazer agora mesmo!

Sobre a autora

Rachel Hartman sempre foi apaixonada por música. A famosa canção renascentista "Mille Regretz" inspirou-se a criar esta obra de ficção fantástica baseada em música. Ela escreveu Seraphina enquanto escutava rock com gaita de foles bretã, polifonia italiana medieval, música barroca latino-americana, metal progressivo e música tradicional irlandesa. Rachel mora com sua família em Vancouver, no Canadá.














4 comentários:

  1. querida Patricia, vc parece um furacão, uma leitura atrás da outra, mal consigo acompanhá-la nas resenhas, vou nem falar das leituras (já que sou mole feito um bicho preguiça). o primeiro livro de uma saga, geralmente é feito para que tomemos conhecimento das personagens, muita descrição, pouca ação. mas é dele que podemos tecer considerações e expectativas. não dá pra saber quais os planos da autora quanto ao número de livros e isso me afugenta. se sagas finalizadas nem sempre são lançadas por aqui, imagine então séries inacabadas? por outro lado sua empolgação faz meus dedos coçarem. vou aguardar sua próxima resenha pra me definir!

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    1. Então você irá ficar feliz em saber que são apenas 2 livros! E o segundo já foi publicado. Agora você já pode ler sem medo.
      Bjs.

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  2. Oi Patrícia,
    Adorei ler sua resenha e saber mais um pouquinho sobre esse livro.Eu tenho a primeira edição de Seraphina que comprei na Bienal de 2013. Veja quanto tempo está na minha estante e ainda nãoli, mas agora quero depois de você me deixar curiosa sobre Seraphina e Lucian tenho que colocar na frente das minhas leituras.
    Beijos

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Bjão
Equipe Cia do Leitor