quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Resenha - Raphael Montes - O Vilarejo

O VILAREJO
Raphael Montes
Editora Suma

Sinopse: O Vilarejo - Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

Ano: 2015 / Páginas: 96
Editora: Suma de Letras


Resenha


Eu particularmente não gosto de ler livros muito finos e nem livros de contos, mas eis que um dos meus escritores nacionais favoritos escreve um livro de contos e de 96 páginas, aí não teve jeito, tive que abrir uma exceção, além de comprar o livro no lançamento ele ainda chegou furando fila na minha meta de leitura. Se tratando de Raphael Montes, eu sabia que o livro não iria me decepcionar, mas também não imagina que superaria tanto minhas expectativas.

O livro relata a tradução de três misteriosos cadernos escritos à mão em uma misteriosa língua estrangeira. Esses cadernos eram de uma escritora falecida aos 102 anos chamada Elfrida Pimminstoffer e foram vendidos juntos aos seus livros por sua neta para um sebo no Rio de Janeiro. Sem saber o que fazer com os manuscritos, pois a neta não os queria de volta, o dono do sebo entra em contato do Raphael Montes perguntando se ele aceita analisar o material.

Ao analisar o material, Raphael descobre que foi escrito em Cimério (uma língua morta), e conseguiu encontrar um professor, que ao analisar o material se recusou a traduzir, porém ofereceu um dicionário Cimério-Italiano para ajudar.

Nos cadernos Raphael encontrou o nome de Peter Binsfeld e descobriu que ele era um teólogo e demonologista que associava cada um dos sete pecados capitais a um demônio, e os cadernos retratam 7 estórias se referindo a cada um deles:  Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba).

Logo após o prefácio o leitor é apresentado as estórias, a primeira fala sobre a gula e ao terminar eu fiquei chocada e precisei de alguns minutos para absorver o que tinha lido, parei bebi uma água e voltei para leitura, parti para a segunda estória sobre inveja, logo percebi que em algum momento as estórias iriam se interligar, pois todas se passam no mesmo vilarejo e percebi que foi citado nome de uma integrante da primeira estória. O desfecho da segunda estória também me deixou chocada e boquiaberta, pois ambas as estórias retratam coisas muito cruéis e sanguinárias. 

Ao iniciar a terceira estória sobre soberba também fiquei muito tensa e apreensiva com tudo que aconteceu, o desfecho não é para quem tem estômago fraco. Como comecei a leitura a noite um tanto tarde, até para dar um clima propício de medo, acabei tendo que parar na terceira estória para absorver tudo e torcer para não ter pesadelos. Pensei em continuar no dia seguinte à noite, mas não resisti e acabei lendo pela manhã mesmo, precisava saber o desfecho de tudo, pois a cada estória os personagens iam se interligando cada vez mais. 

Na última estória eu estava já completamente chocada com todo o ocorrido até então, até que finalmente chegou o posfácio, e Raphael mais uma vez me arrebatou com seu desfecho, aliás eu simplesmente amo os desfechos das estórias de Raphael.
Para finalizar apenas posso dizer que o livro levou cinco estrelas e entrou para os meus favoritos da vida, onde está no mesmo patamar que os dois outros livros do autor (Suicidas e Dias Perfeitos). Não posso deixar de mencionar a qualidade do trabalho gráfico da editora e as ilustrações que dão um ar mais sombrio à leitura. Recomendo a leitura a todos que gostem de estórias macabras e sanguinárias.

Classificação




Raphael Montes nasceu em 1990, no Rio de Janeiro. Advogado e escritor, teve contos publicados em diversas antologias de mistério, inclusive na Playboy e na prestigiada revista americana Ellery Queen’s Mystery Magazine.
Aos 20 anos, impressionou a crítica e público com Suicidas (ed. Benvirá), um caudaloso romance policial finalista do Prêmio Benvirá de Literatura 2010, do Prêmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional e do prestigiado Prêmio São Paulo de Literatura 2013.
Dias Perfeitos (ed. Companhia das Letras), publicado em abril de 2014, teve os direitos de tradução vendidos para 13 países (EUA, Canadá, Inglaterra, França, Espanha, Itália, Portugal, Alemanha, Turquia, Holanda, Macau, Hong Kong e Taiwan) e vendeu 15 mil exemplares no Brasil. Ambos os livros serão adaptados para o cinema - Suicidas com direção de Matheus Souza; Dias Perfeitos com direção de Daniel Filho.
Atualmente, Raphael assina uma coluna mensal no Blog da Companhia das Letras e outra no Jornal O GLOBO. Além disso, escreve roteiros para cinema e TV, como a série Espinosa (GNT) e o seriado de terror SUPERMAX (Rede Globo). 





3 comentários:

  1. Olá!
    Eu nunca li nada do autor e confesso que não sou muito fã do gênero, nem gosto de contos... Mas pela sua resenha, o livro parece incrível! A premissa me chamou bastante atenção e sem dúvidas darei uma chance a leitura.
    Ótima resenha!
    Beijos!

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  2. Amoooo, esse livro foi realmente muito bom, para nenhum sanguinário colocar defeito!
    Mais uma vez o Raphael arrasou e você também. E larga de ser metida com essa foto aí junto com o Raphael.
    Bjs!

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  3. Oie, também não leio muitos contos, acabo lendo muito os do Edgar Allan Poe, mas é porque gosto muito dele e o trabalho dele me é muito tocante. Não conhecia esse autor nem o livro, com o halloween chegando dá uma animação a mais de ler, né?
    Beijos

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Bjão
Equipe Cia do Leitor