quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Resenha: O Nome do Vento - de Patrick Rothfuss


O Nome do Vento
A Crônica do Matador do Rei: Primeiro Dia
Patrick Rothfuss
Editora Arqueiro


Sinopse: Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso. Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - os lendários demônios que assassinaram sua família no passado. Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade. Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame. Nesta provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.

Resenha

Fui chamado de Kvothe, o Sem-Sangue; Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador do Rei. Mereci esses nomes. Comprei e paguei por eles.

O Nome do Vento se inicia mostrando a Pousada Marco do Percurso. Uma pousada que aparentemente está fadada a falência pela quase inexistência de clientes. O dono dessa pousada, Kote, não parece ligar muito para isso. Por sinal ele parece não ligar muito para nada. Kote é bem calado e misterioso, você percebe que ele não é um simples hospedeiro, que ele guarda segredos. Esses segredos ficam um pouco mais claros após a chegada de um cronista na pousada. Enfim percebemos que Kote é na verdade Kvothe, uma enigmática e famosa figura, protagonista das mais variadas histórias que atravessam as fronteiras.

- Eu tenho o hábito de pensar demais, Bast. Meus maiores sucessos vieram de decisões que tomei quando parei de pensar e simplesmente fiz o que me parecia certo. Mesmo que não haja uma boa explicação para o que fiz - disse, com um sorriso tristonho. - Mesmo que tenha havido ótimas razões para eu não fazer o que fiz.

Porém não dá para confiar muito nessas histórias. Não há como saber o que é verdade e o que é apenas mito. São muitas histórias de muitos feitos, um mais fantástico do que o outro. E é exatamente atrás da história verdadeira que o Cronista está atrás. Mas para conseguir a história, narrada pelo próprio Kvothe, não é tão fácil. Ele nunca antes havia contado para ninguém toda a sua história.

- Com certeza. Por enquanto. mas você, justamente você, deve se dar conta de como é tênue a distinção entre a verdade e uma mentira convincente. Entre a História e uma historinha para divertir. - O Cronista deixou correr um minuto para que suas palavras fossem absorvidas. - Com o tempo, você sabe qual delas sairá vencedora.

Quando finalmente Kvothe começa a narrar o que realmente aconteceu ao longo de sua não tão longa vida, nós já estamos mais do que ansiosos em saber tudo. Você já sabe pedaços de feitos, que infelizmente não temos como saber se são verdadeiros ou não. Nós queremos escutar sobre suas tais grandes façanhas. E não ficamos desapontados quando finalmente vamos ouvido a história.
Kvothe começa pela sua infância, de quando ainda viajava com sua família em uma trupe, em uma época que ainda era feliz. Ele era uma verdadeira criança prodígio, tão inteligente que as vezes se esqueciam que ele era apenas uma criança. 

O Cronista sentiu um calafrio ao perceber subitamente o jogo perigoso que estava fazendo. Então essa é a diferença entre contar uma história e estar dentro dela, pensou, entorpecido: o medo.

Já naquele tempo ele tem o seu primeiro contato com magia verdadeira e pela primeira vez deseja descobrir o nome das coisas, mas principalmente, ele deseja saber o nome do vento. No mundo de Kvothe é possível aprender o nome verdadeiro das coisas e quando alguém consegue por exemplo descobrir o nome do fogo, o mesmo responderá a essa pessoa quando for chamado. E isso é válido para o nome de todas as coisas: água, pedra, vento, etc.
Mas essa felicidade de Kvothe com sua trupe não dura muito tempo e logo somos lançados na busca que define a vida dele. Após o assassinato de seus pais pelo Chandriano, um assim chamado conto de fadas, Kvothe acaba sozinho no mundo, tendo de se virar para conseguir sobreviver. E esse mundo não é um lugar simpático onde é fácil de sobreviver. Mas Kvothe é perseverante e muito inteligente. Aos poucos ele vai conseguindo se virar e começa a sua busca pelo Chandriano e também pelo nome do vento. E nós vamos seguindo essa narração, esperando pelos tais feitos grandiosos, quase não nos segurando de tanta curiosidade.

"As coisas ficam muitos cheias de vida na primavera. No verão ficam fortes demais e não se soltam. O outono…" - interrompeu-se e deu uma espiada em volta, observando as folhas que mudavam de cor nas árvores. - "O outono é a época. No outono tudo se cansa e fica pronto para morrer."

Certo dia, enquanto conversava sobre livros de fantasia épica, me perguntaram se já tinha lido O Nome do Vento. Eu respondi que ainda não porque o livro estava com o preço salgado. Então me responderam: "Vale cada centavo".
Obviamente, quem não ficaria desesperado para ler um livro depois de ouvir isso? Não perdi tempo e na primeira oportunidade comprei os dois livros em promoção. E devo dizer que a pessoa estava certa, valeu cada centavo.
O Nome do Vento tem tudo que uma fantasia épica deve ter: aventura, romance, uma jornada, magia, inimigos poderosos, e até mesmo música. O livro me transportou para dentro de suas páginas não somente enquanto eu estava lendo, pois ao longo de todo o dia, não importando o que estava fazendo, minha mente voltava para a estória, voltava para a história de Kvothe. A narrativa fluiu magicamente.
Acho que nem preciso dizer que dei cinco estrelas para o livro e que ele já está devidamente e merecidamente na minha lista de favoritos.

O Cronista se viu pensando numa história que tinha ouvido. Uma dentre muitas. A história de como Kvothe saíra em busca do desejo de seu coração. Precisara enganar um demônio para alcançá-lo. Mas, depois de tê-lo nas mãos, fora obrigado a lutar com um anjo para conservá-lo. Eu acredito, descobriu-se pensando o escriba. Antes era só uma história, mas agora acredito nela. Esse é o rosto de um homem que matou um anjo.

Sobre o trabalho gráfico do livro, não tenho do que reclamar. A capa linda é mais uma ilustração de Marc Simonetti, de quem eu sou fã de carteirinha. Você pode até não reconhecer o nome, mas sem dúvidas ama as capas dos livros com as ilustrações dele, como por exemplo as capas de As Crônicas de Gelo e Fogo e as novas capas de Dragões de Éter, dentre muitas outras lindas. O livro tem 651 páginas e eu pensei que demoraria um tempinho para ler, mas a estória estava tão boa e me prendeu tanto que quando fui ver ele já tinha acabado. Felizmente o segundo livro é maior então vou poder aproveitar bastante. Então se você gosta de fantasias épicas, você precisa ler esse livro, ele é leitura obrigatória. E se você nunca leu esse gênero, eu recomendo esse livro também! Depois de ler, você já estará viciado nesse tipo de literatura! Boa leitura!

- Vejo que você está rindo. Muito bem. Em nome da simplicidade, presumamos que sou o centro da criação. Para isso, deixemos de lado inúmeras histórias maçantes: a ascensão e queda de impérios, as sagas de heroísmo, as baladas de amor trágico. Avancemos depressa para a única história que tem importância real. - Seu sorriso se alargou. - A minha.

Classificação


Sobre o autor

Patrick Rothfuss reside atualmente na região central do Wisconsin, onde leciona na universidade local. Em suas horas de folga, escreve uma coluna satírica, pratica a desobediência civil e se dedica por diletantismo à alquimia. Adora as palavras, ri com frequência e se recusa a dançar. O nome do vento, ganhador do Quill Award (importante prêmio literário americano, cujos vencedores são escolhidos pelos leitores), é o primeiro romance do autor.





6 comentários:

  1. Não é meu tipo de leitura favorita mas vc me deixou com.vontade de ler....parabéns pela resenha

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    1. Pois já está mais do que na hora da senhora começar a ler fantasia épica!
      Vou providenciar para que isso aconteça!
      Bjs e obrigada.

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  2. Lembro-me quando a editora Arqueiro me enviou o segundo volume O TEMOR DO SÁBIO pra ler, comecei empolgada, mas percebi que falava demais do primeiro volume e... eu não havia lido. Por isso parei de ler e só voltaria quando comprasse O NOME DO VENTO e lesse ele primeiro. Aliás, era o que eu devia ter feito antes de me aventurar no segundo volume.
    Comprei finalmente o livro e devido a tantos outros livros, terminei encostando para aguardar a tão esperada oportunidade.
    Agora fiquei com taaaaaanta vontade de ler!!!
    valeu, sua resenha me deixou ansiosa.

    bjim
    Ni

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    1. Hahahahaha… só você Nizete! Não sei como você tem coragem de iniciar um livro 2 sem ter lido o primeiro! Devo dizer que eu recomendo fortemente a leitura do primeiro, bem, primeiro!
      Bjs e obrigada!

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  3. é por resenhas como essa sua, querida Paty, que alguns potenciais leitores se jogam desarvoradamente na leitura, não importante com preço de livro ou número de páginas. perfeita!!! parabéns!!!!

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    1. É sempre um grande prazer não só encontrar um livro bom, mas também encontrar pessoas que gostem dele. Então por favor o leia!
      Bjs e obrigada!

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Equipe Cia do Leitor