segunda-feira, 3 de março de 2014

Resenha: Danação - de Marcus Achiles

Olá queridos leitores, tudo bem com vocês?

As vezes penso que o correto é ter paciência e esperar o momento certo para algo acontecer. 

Faz um ano que recebi um livro pra resenhar da Editora Baraúna, parceira do blog Cia do Leitor, escrito por Marcus Archiles, igualmente parceiro do blog. E somente agora consegui concluir a leitura... Como falei no inicio, temos que agir à favor do tempo. 
Costumo ler os livros de acordo com meu humor e minha vontade, seguindo uma ordem de adquirições pra que venha usufruir com prazer daquela obra escolhida e ser verdadeira em minha resenha. Principalmente não ser injusta por não ter lido com tanto interesse um livro que pode ser um verdadeiro achado.

Hoje, tenho o prazer de apresentar um verdadeiro achado, é com muita honra e orgulho que apresento-lhes DANAÇÃO, um romance fantástico, de Marcus Archiles. Obrigada a Editora pelo presente e ao autor pela belíssima obra.

Danação - um romance fantástico
Marcus Achiles

Sinopse: Em maio de 1734 Taubaté era uma vila sitiada e aterrorizada. A cada sexta-feira seus moradores repetiam o mesmo ritual perturbador das semanas anteriores, enterrando corpos queimados encontrados nas matas. Uma intolerância comparável apenas ao medo diante de um adversário oculto e invencível logo jogou colonos e militares contra os índios abrigados em aldeias próximas. Para os crentes, no entanto, aquele pedaço de terra e suas três mil e poucas almas eram uma nova Sodoma, condenada por Deus a ser consumida pelas chamas. É nesse pandemônio de fanatismo, fúria e violência que chega a Taubaté o mais maldito dos homens, perseguido pelo maior dos inimigos e guiado por um anjo. Ele é Diogo Durão de Meneses, um senhor de engenho a quem a tão desejada morte era negada há quatro anos. Um forasteiro, destinado a enfrentar um ser que desafiava toda razão e fé – e que, nos séculos seguintes, seria imortalizado no imaginário de um povo. DANAÇÃO não é apenas um romance que transporta o leitor para o Brasil do século XVIII. Em suas páginas estão mais do que o dia-a-dia no interior de uma colônia inóspita, com seus costumes fielmente retratados. O livro é também uma passagem para outra dimensão, na qual seres imaginários – que séculos atrás povoaram os medos dos homens – criam vida. E onde o Mal deixa os sermões dos padres e se torna tangível e implacável. DANAÇÃO busca dar ao folclore brasileiro contornos inéditos, unindo o mais puro realismo fantástico aos dramas verdadeiros de negros, brancos e índios em uma época de incerteza e provação.

Resenha:

“Um homem em conflito com o seu próprio demônio.”

Fui arremessada para o passado, exatamente o ano de 1734, época do Brasil colonial, da coroa real, escravidão, descoberta de um país rico por sua natureza, suas pedras e seus habitantes. Fiquei encantada com a tamanha qualidade da obra, a perfeição e capricho nos detalhes da época, o sotaque, os costumes, as diferenças sociais gritantes e a crueldade descomunal entre brancos, negros e índios.

O autor pareceu-me mais um historiador, capaz de nos transportar ao período de nossos antepassados e nos convencer que esse livro, faz parte do arquivo histórico da cidade de Taubaté, que tudo nele aconteceu realmente.
E foi com essa convicção e nesse clima austero que conheci Diogo Durão de Meneses, um senhor de Engenho, vivendo seu próprio inferno após desgraçadamente fazer um pacto com o Diabo. Uma sucessão de acontecimentos “horrendos” seguiu-se a partir do consumado pacto. Diogo era agora um amaldiçoado, todos que cruzavam seu caminho sentiam o peso de sua maldição e alguns, médiuns ou feiticeiros, podiam sentir a presença e ver um ser indesejado e assustador, que Diogo o nomeou de Criança de Dentes pretos. Por onde fosse, a criança sempre estaria com ele.

Diogo perambulou por quatro anos para fugir de sua consciência, tendo em sua forçada companhia, seus escravos João e o filho Inácio, em uma missão da qual nem mesmo ele saberia explicar. Seguia apenas seu extinto e vagavam por todas as terras em busca de... Saberás ao ler.
“Diogo vagava, sentindo-se indigno de permanecer entre os vivos e ao mesmo tempo amaldiçoando-se por não estar ainda morto.” - Pág. 27
Em sua jornada repleta de perigos, os três forasteiros vão parar na cidade de Taubaté, uma terra desolada e habitada por um povo pobre de finanças e valores. Tirando as crianças e animais, podemos contar meia dúzia de boas almas. O descaso, a barbárie, promiscuidade, cobiça, fazia morada na pequena vila e pra completar, o povo vivia um verdadeiro pandemônio. Seis mortes misteriosas, seis cadáveres carbonizados, sem vestígios de seus agressores, sem explicação para o mal acometido todas as madrugadas de sexta-feira. 
Diogo resolve pernoitar por alguns dias na cidade que todos querem fugir. Sua presença ali tem um propósito do qual ele mesmo desconhece, mas, sua curiosidade pela natureza de tantas mortes o faz enfrentar mais um inimigo que o espreita e cobiça por sua morte.


“Um pacto quebrado, uma maldição lançada, um desafio. Viver sem fraquejar, seguir em frente sem fé e alternativas.”

Um amaldiçoado pode salvar uma cidade igualmente amaldiçoada?

Impressões:

Eu diria pra você, caro leitor, que após ler esta obra fiquei sem palavras. Sim, fiquei estarrecida, entusiasmada, boquiaberta e não encontrava as tais palavras pra falar do livro, até sentar-me diante do computador, onde desembestei a digitar. Mas, somente uma palavra irá resumir o livro: FANTÁSTICO. (Em todos os sentidos da palavra)

Fantástico pela história, pelo enredo, pelos personagens bem construídos e contagiantes, pela capa, linda capa, pelo capricho, pelo desenrolar, pelo sangue que circula em nossas veias e se faz presente em cada página, pelo resgate da época, por M motivos.

Um livro repleto de antagonistas, de arrancar os cabelos, no entanto, há bons samaritanos em meio de alguns milhares de almas perdidas, você irá se surpreender ao descobrir cada uma delas. Pude fazer comparações com Sodoma, Taubaté era uma terra de ninguém, entregue as mãos dos tiranos e soberbos, clamando por ajuda e chorando suas perdas. Não muito diferente dos dias de hoje, onde em algumas terras vivemos a violência nas ruas e nos lares. A pedofilia e a crueldade com o próximo já existia desde outrora, como mencionado no livro.

O inicio do livro até achamos que será um pouco arrastado, mas, você se engana quando o “bicho”pega. ^_^

O autor foi aos poucos forjando o caráter de nosso protagonista, Diogo apresenta com o passar do tempo mudanças de comportamento. Sua convivência com seus escravos torna-se respeitosa, passa a existir uma cumplicidade e afinidade sem que eles percebam. O resultado é brilhante, vibrei com isso.

Com uma linguagem típica interiorana da época, o vocabulário rico, me fez procurar o meu bom e velho amigo, Sr. Dicionário, para me inteirar e aprender com palavras da época. Adorei fazer o uso dele, confesso, desconhecia existência de algumas palavras e valeu cada consulta, foi um aprendizado.

O melhor disso tudo foi à inclusão do nosso folclore, um mito foi desenterrado e nos é apresentado da melhor forma possível, diante de toda a criatividade do autor. Eu delirei! 

O Livro vai ficando eletrizante, com o passar dos capítulos e o seu desfecho é fantástico! Merecedor de uma continuação... Bem, tudo indica que teremos uma. (Saltitante de felicidade)

Os malditos errinhos de revisão, sim tiveram alguns, me incomodaram um pouco, porque a qualidade dessa obra merece um livro sem falhas, sem erros pra torná-lo único, uma relíquia para os leitores apreciadores de romance histórico, principalmente do nosso Brasil. Perdoados? Claro! Na próxima edição, por favor, revisem com mais zelo.

Está mais que indicado, super-indicado. Desejo muito mesmo descobrir como Diogo irá, ou não, se livrar da criança de dentes pretos. 

Importante! 
Ah! Não podia deixar passar essa informação: 
Amanhã, é aniversário do autor! Que chique!! Então, eu, Nizete, e a equipe Cia do leitor, desejamos muita paz e felicidade ao aniversariante mais criativo do dia.


Parabéns Marcus Achiles sucesso sempre!



6 comentários:

  1. Obrigado de coração, Nizete! Valeu pela resenha generosa do 'Danação' no Cia Do Leitor.
    Dizer que fiquei contente com suas impressões sobre o livro é pouco. Fazia um tempo que não lia resenhas do 'Danação', e a sua me deixou particularmente orgulhoso, porque além de uma leitora voraz, você é uma parceira à toda prova de quem teima em escrever no Brasil fora do mainstream. Mais uma vez, obrigado!

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  2. Eu que agradeço pela bela obra que nos presenteou. Nem imagina como fiquei feliz com o desfecho e saber dá possibilidade de uma continuação. Teremos né?
    Parabéns e muito sucesso!

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  3. Amei a resenha Nizete, já anotado o nome do livro e do autor, como sempre você arrebentou deixa o leitor com vontade de sai correndo comprar o livro, parabéns e beijinhos.

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  4. sempre tenho um pé atrás com a baraúna, que tem autores talentosos, mas que sempre peca nas edições. achei a capa sensacional, mas estava sem coragem alguma de ler mais um livro da editora. ahhhh querida Ni, quem me dera ter o livro aqui perto agora pra conferir. fiquei em estado de graça com sua resenha riquíssima. livros de época me deixam assim, então bora correr pra ver se consigo adquiri-lo. mais uma vez culpa sua e de suas palavras que fazem meus olhos correrem rápidos e minha vontade dar saltos mortais. bjos.

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  5. Adoro, simplesmente adoro quando um livro aborda nossa cultura, principalmente nosso folclore há muito tempo esquecido. Esse livro tem a nossa essência, cheiro de Brasil!
    Ganhou morada no meu coração, vai pra minha estante!
    Kazumi

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  6. Ô cheirinho bom de Brasil brasileiro. Um livro que fala de nossas raízes, da época do canavial, café, escravidão e mitos. É tudo que eu queria, é tudo de que mais sentia falta. Claro que vou adquirir e devorar com prazer.
    Ótima dica e bela resenha.
    K37V1N

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Vamos ficar super felizes com seu comentário.
Já estamos até sentindo sua falta!
Volte logo tá?
Bjão
Equipe Cia do Leitor